terça-feira, 18 de outubro de 2011

Arte Primitiva (Brasil)

 

A arte dos chamados "artistas primitivos" passou a ser valorizada após o Movimento Modernista, que apresentou, entre suas tendências, o gosto por tudo o que era genuinamente nacional. E um artista primitivo é alguém que seleciona elementos da tradição popular de uma sociedade e os combina plasticamente, guiando-se por uma clara intenção poética. Geralmente esses pintores são autodidatas e criadores dos recursos técnicos com que trabalham.

O que é Arte Naïf?

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A palavra "Naif" tem origem na língua francesa e quer dizer espontâneo e ingênuo.

O desejo espontâneo de desenhar e pintar existe desde os primórdios da civilização humana, sendo o seu mais reconhecido exemplo as “pinturas rupestres”.

O termo Arte Naïf foi pela primeira vez utilizado, no virar do século XIX, para identificar a obra de Henri Rousseau, pintor autodidata admirado pela vanguarda artística dessa época, que incluía gênios como Picasso, Matisse e Paul Gauguin, entre outros.

Com esta gênese, a Arte Naïf começou a afirmar-se como uma corrente que aborda os contextos artísticos de modo espontâneo e com plena liberdade estética e de expressão e os seus seguidores definem-na hoje como “a arte livre de convenções”.

A Arte Naïf é concebida e produzida por artistas sem preparação acadêmica específica e sem a “obrigação” de terem de utilizar técnicas elaboradas e abordagens temáticas e cromáticas convencionais nos trabalhos que executam. Isto não significa que não estudem e aperfeiçoem de modo autodidático e experimental o desenvolvimento das suas obras, e não implica que a exigência de qualidade das mesmas seja inferior.
A capacidade artística é um dom inato no ser humano e não existem técnicas, regras ou dogmas que, quando ele realmente está presente, lhe possam atrofiar qualidade e retirar valor.

Artista Naif Aecio

A Arte Naïf não se enquadra também na designação de Arte Popular, diferindo dela na medida em que se trata de um trabalho de criação individual que apresenta peças artísticas únicas e originais.

Caracteriza-se em termos gerais por uma aparente simplicidade e pela liberdade que o autor tem para relacionar ou desagregar, a seu belo prazer, determinados elementos considerados formais; a inexistência de perspectiva, a desregulação da composição, a irrealidade dos fatos ou a aplicação de paletas de cores chocantes. A Arte Naïf exprime ainda, de um modo geral, alegria, felicidade, espontaneidade e imaginários complexos, resultando, às vezes, todo este conjunto numa beleza aparentemente desequilibrada mas sempre muito sugestiva.

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Alguns críticos afirmam que, contrastando com os “acadêmicos”, que pintam com o cérebro, os “ingênuos” pintam só com a alma. Esta parece ser a verdadeira essência do Naïf, claramente o estilo de quem já nasce com o dom de ser artista…

Principais Artistas:

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Cardosinho

(1861-1947), primitivo ingênuo, começou a pintar aos 70 anos e chegou a produzir cerca de 600 quadros. Uma de suas obras está na Tate Gallery, em Londres. com suas fantasias beirando o surreal, copiadas de cartões-postais.

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Heitor dos Prazeres

(1898-1966), é um artista que revela minúcias e detalhes da realidade que retrata. A figura humana é o centro de seus trabalhos e, nela, dois detalhes chamam a atenção do observador: o rosto quase de perfil e a forte sugestão de movimento, resultante do fato das figuras estarem quase sempre na ponta dos pés, como se dançassem ou simplesmente andassem. Sua arte deixa de lado os preconceitos e os fatos tristes da realidade social. Ao contrário, procura mostrar um mundo fraterno em que diferentes pessoas participam de uma mesma atividade.

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Mestre Vitalino

(1909-1963), criador de figurinhas de barro que representam pessoas e fatos da região sertaneja de Pernambuco. Entre os personagens de Vitalino estão os vaqueiros, os retirantes, os cangaceiros, que, isolados ou compondo uma cena, nos comunicam o modo de ser da gente rústica do sertão.

 

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Djanira

(1914-1979), sua arte é dividida em dois períodos, no primeiro, da década de 40, apresenta principalmente temas da vida carioca. As figuras sempre sugerem movimento e são contornadas por forte traço escuro. Na segunda fase, da década de 50, apresenta sobretudo as atividades rurais das mais diferentes regiões do Brasil. Nessa fase, suas cores são mais claras, mas os limites entre essas cores são bem nítidos.

 

 

Para seu conhecimento:

O Museu Internacional de Arte Naif é um projeto do joalheiro e desenhista de jóias francês Lucien Finkelstein, e começou a funcionar em janeiro de 1995, no Cosme Velho, zona sul do Rio de Janeiro, numa casa tombada que já serviu de ateliê para o pintor Eliseu Visconti (autor das pinturas do Teatro Municipal do Rio).Seu acervo, de quase 10 mil quadros de artistas de carca de 130 países, o torna o maior do mundo. O Museu recebe uma média de 2.000 visitantes por mês. No verão, quase metade do público é composta de turistas estrangeiros. No resto do ano, o forte é a visita de grupos escolares.
Lucien Finkelstein chegou ao Rio em 1948. Tinha 16 anos e veio a passeio, visitar parentes. Gostou, resolveu ficar e comprou seu primeiro quadro naif, uma pintura de Heitor dos Prazeres, "Sambistas". Dali para frente se tornou um grande colecionador de pinturas.

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